Elis Regina, um dos maiores nomes da música brasileira, ensina-nos em uma de suas mais belas canções como precisamos ser para encontrar a Deus.
Confira no vídeo abaixo:
Essa canção é rica em poesia e em conteúdo. É emocionante. Além disso, é cheia de ecos da Palavra. Poderia me aventurar e resumi-la em uma frase: para falar com Deus, precisamos nos ver como o nada que realmente somos. Logo no começo da música, Elis, ao cantar "Se eu quiser falar com Deus, tenho que ficar a sós", ecoa o que Jesus disse em Mateus 6:6: "Mas quando você orar, vá para o seu quarto, feche a porta e ore ao seu Pai, que está no secreto. Então seu Pai, que vê no secreto, o recompensará".
Ela também nos ensina que, para falar com Deus, precisamos "calar nossa voz". E isso parece paradoxal. Mas, na verdade, calar a voz é calar as turbulências em nós, é encontrar Deus na quietude. É calar nossas agitações para podermos ouvi-lo. Esse conceito é retomado nos versos seguintes, que nos ensinam a folgarmos os nós das preocupações e esquecermos de tudo aquilo que nos causa ansiedade sufocante. Ainda em Mateus 6, Jesus nos convida justamente a relaxar: "Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal" (v. 25).
Elis prossegue e diz que para falar com Deus é preciso "ter as mãos vazias, ter a alma e o corpo nus". Em outras palavras, para nos achegarmos a Deus precisamos reconhecer que nada podemos oferecer a Ele. Não podemos confiar nas nossas próprias obras para impressioná-lo. É preciso, ainda, nos achegarmos "nus", sem máscaras, como realmente somos, pois Ele nos vê e nos conhece por completo. É preciso sinceridade, honestidade consigo mesmo, honestidade com o Pai. A artista usa frases como "aceitar a dor", "comer o pão que o diabo amassou", "virar um cão", "lamber o chão", para ensinar que para falar com Deus é preciso humildade. Ele quer que sejamos realistas, sem que pensemos que somos bons demais, os mais santos, os mais certos; com humildade, reconhecendo que somos miseráveis dependentes dEle, que somos indignos, imerecedores. "Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus" (Mateus 5:3).
"Tenho que me ver tristonho, tenho que me achar medonho. E apesar de um mal tamanho, alegrar meu coração...", reforça ainda mais a ideia de pobreza de espírito. E, aqui, pobreza de espírito é simplesmente olhar para si mesmo e ver o quão medonho é. Apesar disso, ter a certeza de que Ele te ama e cuida de você, o que traz a alegria que preenche todo o seu ser.
A última estrofe me lembra de fé. Para mim, a fé é uma aventura. É subir aos céus sem cordas que me segurem, como diz a canção, pois, na minha jornada espiritual, ter fé tem sido constantemente uma questão de escolha. Uma escolha aventureira, que muitas vezes contraria a razão. É, porém, uma escolha racional, voluntária, não fundamentada em emoções ou medos. É como caminhar sobre as águas. E caminhar na certeza de que, ao final, serei surpreendido.
Se eu quiser falar com Deus, tenho antes que lembrar de confiar nEle sem reservas, lembrar de calar minhas preocupações, lembrar que diante dEle sou um mendigo dependente das generosas doações de amor divino. Se eu quiser falar com Deus, preciso me ver como o nada que realmente sou.
"Tenho que me ver tristonho, tenho que me achar medonho. E apesar de um mal tamanho, alegrar meu coração...", reforça ainda mais a ideia de pobreza de espírito. E, aqui, pobreza de espírito é simplesmente olhar para si mesmo e ver o quão medonho é. Apesar disso, ter a certeza de que Ele te ama e cuida de você, o que traz a alegria que preenche todo o seu ser.
A última estrofe me lembra de fé. Para mim, a fé é uma aventura. É subir aos céus sem cordas que me segurem, como diz a canção, pois, na minha jornada espiritual, ter fé tem sido constantemente uma questão de escolha. Uma escolha aventureira, que muitas vezes contraria a razão. É, porém, uma escolha racional, voluntária, não fundamentada em emoções ou medos. É como caminhar sobre as águas. E caminhar na certeza de que, ao final, serei surpreendido.
Se eu quiser falar com Deus, tenho antes que lembrar de confiar nEle sem reservas, lembrar de calar minhas preocupações, lembrar que diante dEle sou um mendigo dependente das generosas doações de amor divino. Se eu quiser falar com Deus, preciso me ver como o nada que realmente sou.
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