"Em Chamas" é o segundo livro da trilogia "Jogos Vorazes", escrita por Suzanne Collins. A série já ganhou duas adaptações para o cinema e lançará este ano o primeiro dos dois filmes do livro "A Esperança", conclusão da distopia protagonizada por Katniss Everdeen.
Katniss foi a vencedora, junto com Peeta Mellark, da 74ª edição dos Jogos Vorazes, competição violenta em formato de reality show organizada anualmente pelo governo totalitário da futurística Panem. O que Katniss não esperava era ter que retornar à feroz arena dos Jogos, na 75ª edição, que reunia 24 dos vencedores dos anos anteriores. O chamado "Massacre Quaternário" é apenas uma forma da Capital destruir a vida de Katniss e, assim, acabar com a esperança que o povo tem de libertar-se do poder ditatorial do Presidente Snow. Enquanto luta contra os outros competidores e planeja sua sobrevivência com aliados, Katniss lembra das palavras que seu tutor Haymitch lhe falou antes que ela entrasse na Arena: "lembre-se quem é o verdadeiro inimigo".
Ao pensar nessas palavras, Katniss direciona seus esforços na luta contra o verdadeiro inimigo: a Capital que vinha torturado o povo durante tanto tempo.
Ao pensar nessas palavras, me pergunto: e nós, cristãos, temos lembrando quem é o verdadeiro inimigo? Ultimamente, com a ajuda de alguns amigos, tenho refletido bastante sobre "guerra santa". O Cristianismo, graças à reforma protestante, é uma religião que permite diferentes compreensões de alguns assuntos por parte de seus seguidores. Alguns são arminianos, outros calvinistas. Alguns são pentecostais, outros batistas ou presbiterianos. A intenção deste post não é explicar as diferentes visões.
O fato é que cada cristão, cada denominação, tem uma visão diferente sobre algum assunto. O importante, porém, é que o essencial à fé cristã seja igual a todos, que o centro do Evangelho seja o mesmo. O triste é que não temos dado importância ao que temos em comum, mas temos brigado entre nós mesmos para que uma determinada compreensão de um assunto secundário prevaleça.
Lutamos entre nós e esquecemos quem é o verdadeiro inimigo. E me incluo totalmente nisso. Nossas diferenças não deveriam ser obstáculos para avançarmos juntos. Deveriam tornar a Igreja mais apreciável pelas pessoas: como pessoas tão diferentes entre si podem agir juntos tão belamente? Essa unidade traria a glória do Senhor (João 17:21-13).
Esse tipo de "guerra santa" não é novidade na história da Igreja. Os cristãos de Corinto estavam em rixa constante. Alguns diziam: eu sou de Paulo. Outros falavam: estou do lado de Apolo. Outros se vangloriavam: apenas nós somos seguidores de Cristo (1 Coríntios 1:12). Mas Paulo os confronta: parem essas discussões inúteis (1:10)!
Estamos muito mais preocupados com nossas diferenças do que em juntarmos esforços para lutarmos contra o verdadeiro inimigo: o sistema que escraviza o mundo, o pecado que aprisiona os perdidos, e o Inimigo de nossas almas. As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja. Segundo Philip Yancey, autor de "Maravilhosa Graça", essa metáfora transmite uma ideia de ataque, a Igreja avançando, atacando e as portas do inferno cedendo. Isso, porém, só acontecerá quando as palavras de Haymitch ecoarem nas nossas cabeças: lembrem-se quem é o verdadeiro inimigo.
Excelente como sempre!
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