Segundo o dicionário Merriam-Webster, "Felix Culpa" é uma "Culpa Sortuda" (Fortunate Fault). Para ser mais específico, "Felix Culpa" é uma expressão em latim que significa "Culpa Feliz" e expressa um interessante conceito teológico. Mas em que esse conceito nos é relevante?

"Felix Culpa" é a culpa que nos leva ao arrependimento. Não uma culpa insalubre, que nos distancia de Cristo, mas uma forte consciência de nossa fraqueza, pecado e incapacidade de sermos bons no sentido pleno desse adjetivo. E mais que isso: é um gloriar-se nas nossas falhas, sabendo que elas demonstram a graça e doçura de Cristo.

Gloriar-se nas nossas falhas? Ter alegria por sermos tão errados? Isso não soa liberal demais?

Alguns de nós temos essa consciência de que somos imerecedores. Mas parece que não lembramos disso o suficiente. Ainda queremos merecer nossa salvação ou todas as bênçãos dos Céus. Ainda nos sentimos superiores ética ou moralmente, como se isso nos fizesse mais especiais. Assim, somos impedidos de provarmos do imenso transbordar da Graça. Não conseguimos nos gloriar em nossos fracassos, sabe, ter aquele sentimento de "sou fraco e impotente. Mas, graças a Deus pelo seu imenso amor. Sem ele, não seria nada".

"De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo" (2 Coríntios 12:9b)

A religião nos ensina que devemos ser bonzinhos, bonitinhos e engomadinhos mas, na verdade, ninguém consegue ser bom o bastante. Todos temos nossas feiuras: maus desejos, vontade de esganar alguém que nos faz raiva, disposição à mentira, ao egoísmo, à inveja, ao mal. A religião ensina que você precisa ter um certo padrão moral para ser digno e merecedor. Deve seguir umas regrinhas para ser aceito. O Evangelho, ao contrário, ensina que nunca conseguiremos atingir o padrão de bondade de Deus. O Evangelho nos chama ao arrependimento, uma mudança de visão com relação à nossa própria bondade - reconhecer que somos incapazes, imerecedores, e vivermos com base nisso, confiando na obra de Cristo na cruz por nós.

Nossos pecados são histórias de Graça que devemos recordar. Não estou dizendo que devemos errar mais para que a Graça seja cada vez mais abundante, mas que nossa condição humana e fraca só revela o quão Deus é gracioso. Devemos ser realistas, admitindo que nada que façamos nos faz melhor ou superiores diante de Deus. É tudo por causa da beleza da Graça e nada devido à nossa própria beleza.

Desejo que Ele nos encha de culpa feliz. Que nos gloriemos na Graça e não na nossa auto-justiça. Que nos alegremos por sermos incapazes. E que a glória seja toda dEle, amém.

Ouça a música a seguir. Ela expressa bem o sentimento de alegria sobre nossos erros, por causa da Graça.

Feliz Culpa para você!