#mesadeBar: O QUE CRISTÃOS TÊM A VER COM A POLÍTICA?


A Bíblia é cheia de conflitos políticos. Os castigos que Israel recebia eram, de uma forma ou de outra, relacionados à soberania do Estado, com o povo sendo levado cativo para outras nações ou tendo suas cidades destruídas. Sem contar que temos, no mínimo, cinco livros (Juízes, 1º e 2º Reis, 1º e 2º Crônicas) dedicados a narrar a história dos governantes de Israel e os rumos políticos que o país tomou por causa deles. 

Notáveis também são as participações políticas de gente como José, Ester e Daniel, que cumpriram suas missões em posições de influência no Governo de outras nações: José no Egito, Ester na Assíria e Daniel na Babilônia. Mas em que isso se relaciona com os cristãos brasileiros da atualidade?

A política, em seu sentido mais abrangente, está desacreditada no Brasil. O povo já cansou de governantes corruptos que só visam seus próprios interesses. Os votos são comprados por migalhas assistencialistas. Faltam investimentos em áreas importantes como saúde e educação. As sedes do Governo são lembradas como covis de ladrões. Há insatisfação, falta de confiança, mas, ao mesmo tempo, um clamor por mudança, por justiça, ainda que muitos relutem em acreditar que essa transformação algum dia vá acontecer. 

Nesse cenário, encontra-se a igreja. Há tempos que esta já viu na politica e nas posições de governo um meio de defender seus interesses. Interesses que, na grande maioria das vezes, se referem a impor uma determinada moral ou aumentar o alcance da religião cristã. Certa vez, um cristão sincero orou no microfone: "Deus, coloca no governo cristãos que façam leis que beneficiem à igreja...". Mas não é isso que tem que acontecer! Os cristãos precisam ter posições no governo, não para defender o avanço evangélico, mas para exercer a representação política como Cristo exerceria e, assim, serem agentes da mudança que o Brasil tanto anseia.

Concordo com o sociólogo cristão Paul Freston, que diz que a tarefa do governo não é instalar a moralidade, mas a justiça. Concordo com Ed René Kivitz, que afirma que não cabe ao governo impor uma religião. Graças a Deus, que já está levantando cristãos para ressignificar a política do Brasil. Cristãos comprometidos em fazer do Governo um implantador do Reino, que é paz, justiça e alegria  (e quando falo em "implantar o Reino" não me refiro a catequizar a sociedade ou tornar o Brasil inteiro evangélico como propósito último da governança). Cristãos que não querem simplesmente defender os interesses da porção evangélica, mas que realizam um serviço ao povo, através de políticas públicas que visam tornar melhor a vida das pessoas, independente da condição religiosa, sexual, profissional ou de classe social. Cristãos que enxergam a dignidade do ser humano conferida por Deus e que lutam para que tal valor seja honrado. Cristãos que se posicionam pela mudança, que agem pelo Amor, que enxergam o poder como meio de servir, que querem fazer do Brasil não um país evangélico, mas um país justo. E justiça é um princípio que tem tudo a ver com Cristo. 

Que tomemos como exemplo gente como José, Ester, Daniel. Eu acredito na mudança. 

Severino Netto

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