Temos, na minha casa, um grande cisne de cerâmica. Pertencia à minha avó que faleceu. Ela o chamava de “Majestade”. Caso alguma coisa acontecesse com a Majestade, minha mãe começaria algum tipo de terceira guerra mundial no meu lar. Seria uma grande, grande tragédia ver a peça espatifada. Ele tem valor demais para ir ao chão.

Penso que este é um exemplo do nosso modo ocidental de pensar. No tempo em que a gente vive, se algo quebrou, merece o lixo. Simples assim. Não tem valor o que não é novo, inteiro ou recém adquirido. Quebrou, compra um novo. Estragou, joga fora. “É mais barato comprar um novo e mais moderno, do que consertar”.

Ah os ocidentais!

Aprendi recentemente o significado da palavra: “Kintsukuroi”.

Significa a arte de reparar com ouro ou prata líquida uma cerâmica quebrada. E o mais interessante é que estes vasos passam a ter um valor muito maior depois de se quebrarem. Dentro desta cultura, estes vasos representam o imperfeito ou falho sendo abraçado, aceito. Ele está quebrado, mas fica e tem valor.

 As vezes penso que Deus tem um método parecido com a gente. Ironicamente, estas cerâmicas adquirem um valor maior justamente por estarem quebradas.

Reflita no como isso soa como loucura!

A Bíblia indica em Jeremias, que nosso ser, nossa vida e nossa essência são vasos de barro. Mas quem quer ver espatifados seus sonhos, suas partes, suas convicções, sua imagem, sua estrutura? Outra loucura. Quem quer deixar de ser Majestade de si mesmo?

Deus é maravilhoso Oleiro. Ele coloca em prática o “Kintsukuroi” diariamente, com todo ser humano que se vê caído e estraçalhado no chão.

Escolher se quebrantar é difícil. Muito difícil. Mas o que Deus está disposto a fazer depois disso é muito mais do que juntar o cacos.

O oleiro refaz. Repara. Conserta. Junta. Modela. Transforma.

Agora, no que eu falhei um dia, sou resistente como ouro puro.

Fui quebrada, mas sou aceita e tenho valor inestimável.